>ano 2015
>era começo de ano
>eu era um cara normal
>tinha 17 anos
>morava em uma cidade extremamente pequena
>era praticamente uma vila
>adorava morar aqui
>a cidade era na beira de uma montanha
>então eu sempre subia nela e deitava na grama ao lado do rio que descia pela colina
>eu adorava essa cidade
>era tão tranquila
>fazia calor no verão
>nevava no inverno
>as folhas caíram no outono
>e as flores coloriam a primavera
>o ar era fresco e puro
>minha casa ficava na subida da montanha
>era o lugar que eu mais gostava
>assim que eu saia de casa via um pequeno rio e um espaço de grama
>deitava lá todo dia
>e um pouco mais pra cima
>tinha uma velha construção
>era feita de madeira, era praticamente um labirinto
>e como esperado pessoas inventam histórias
>já houveram pessoas mortas lá
>era tão grande e confuso que pessoas se perdiam e morriam de fome ou sede
>a construção era originalmente um hospital
>porém o homem que o construía desistiu na metade do processo
>então o hospital foi aproveitado
>porém construíram com dois planos de construções diferentes
>resultando em uma construção complicada cheia de becos sem saída
>era um labirinto de madeira
>quando o hospital foi finalmente inaugurado os médicos se perdiam e não conseguiam antender seus pacientes
>pessoas morriam
>se perdiam
>então o hospital fechou
>e assim continuou por 60 anos
>dizem que os espíritos dos mortos ficaram lá
>pois tinham a esperança de que seriam salvos e receberam abandono como resposta
>foram deixados para morrer
>bom, isso não importa muito
>já faz muito tempo
>é apenas um dia normal
>estou deitado na grama como sempre vendo as estrelas que apareciam
>pouco a pouco elas se mostravam
>uma coisa se mechando chama minha atenção
>eu a vejo
>na ponta do velho hospital
>uma sombra
>alguém tinha se perdido?
>já tinha ido naquele lugar antes eu até que conhecia bem
>resolvo ver oque era aquilo
>entro no hospital
>já estava ficando escuro
>o sol estava se pondo deixando uma luz vermelha sob a madeira
>entro
>janelas quebradas
>salas vazias
>tudo estava caindo aos pedaços
>todos os lugares eram parecidos
>ando por uns cinco minutos
>estou no corredor principal ele é mais largo que os outros
>então eu vejo no final
>alguém
>ou alguma coisa
>não era grande
>era totalmente escura com cabelos que cobriam parte do rosto
>seus membros eram podres e escuros
>algum líquido preto pingava de seu corpo
>tinha olhos grandes e vermelhos
>e tinha um sorriso enorme totalmente assustador
>em ambas as mãos tinham garras grandes
>então ela olhou pra mim e sorriu exibindo seus dentes afiados
>o sorriso se estendia de orelha a olrelha
>um sorriso que eu nunca me esqueceria
>era a coisa mais horrenda que eu já tinha visto
>então ela começa a andar em minha direção em pequenos passos
>não conseguia vê-la direito pois estava muito mal iluminado
>e eu estava paralisado de medo
>"vamos se mecha"
>ela chega mais perto
>"por favor se mecha"
>digo chorando
>ela chega mais perto ainda
>os dentes estão a centímetros de mim
>consigo sentir o cheiro de podre
>meu corpo sua e treme
>então ela abre a boca
>grito com todas as minhas forças
>ela faz o mesmo com uma voz contorcida e distorcida
>pareciam várias pessoas gritando
>volto a mim
>saio correndo
>posso ouvir os passos dela quebrando o chão enquanto corro
>ela está logo atras
>não vou olhar
>não quero olhar
>isso não pode ser real
>não é real
>vejo a porta da saida
>corro rápido até ela
>abro com todas as forças
>e me atiro pra fora
>......
>oque?
>ei....
>isso era pra dar na saída
>então porque?
>PORQUE TEM UM CORREDOR AQUI
>EU TENHO CERTEZA
>AQUI ERA A SAÍDA
>minha mente desaba
>fecho a porta
>sinto algo atras de mim
>eu vou morrer
>olho devagar pra trás
>não queria virar
>então vejo
>uma garota
>oque?
>era pálida
>tinha longos cabelos pretos
>bochechas levemente vermelhas
>e olhos mortos
>"uhh... você está perdido?"
>ela tinha uma voz confortável
>não sei explicar
>"....eu... ah... tinha um..."
>"shhhh tudo bem"
>"esse lugar é estranho, provavelmente você viu um vulto"
>"não... era bem real"
>"hmmmmm... a quanto tempo você está aqui?"
>"olho no meu relógio
>já tinham se passado 8 horas
>como assim??
>eu não tava aqui há tanto tempo
>não tinha dormido a noite toda
>"acho que você viu coisas"
>ela ri
>será?
>"bom, já está ficando claro, acho melhor você ir"
>ela abre a porta a qual eu fechara
>e apos ela estava a descida da colina
>......
>"não quer ir embora?"
>ela ri
>levanto rápido e dou uma última olhada para dentro
>"você não vem?"
>ela olha para baixo e sorri
>"não, estou procurando alguém"
>tento convencê-la mas ela já tinha quase fechado a porta
>"EI..."
>ela segura
>"qual o seu nome?"
>"meu nome?"
>"hmmmmm........"
>ela sorri
>"eu te digo amanhã"
>wtf
>nem fodendo eu volto lá
>ela fecha a porta
>desco a colina
>já é de manhã
>apenas me deito e apago
>dia seguinte
>acordo lembrando da noite passada
>será que a garota tinha saído?
>lembro da criatura
>aquela pele podre
>os dentes afiados
>os olhos vermelhos
>não queria voltar lá
>minha mãe me chama para almoçar
>resolvo perguntar pra ela a história do hospital
>"que hospital?"
>ué
>"o de cima da montanha oras"
>ela me olha com cara de triste
>"meu filho aquilo não é um hospital"
>heim?
>"aquilo era um manicômio"
>"mas as pessoas começaram a usar ele para despejar as pessoas que não queriam soltas"
>"políticos honestos, pessoas que desafiavam os ricos e gente desse tipo"
>"as pessoas simplesmente jogavam outras pessoas lá e as deixavam para morrer"
>"os médicos de lá tratavam todos como loucos"
>"varias pessoas morreram de fome ou torturadas"
>"há lendas de que houveram experimentos com humanos lá"
>"dizem que os espíritos continuam lá até hoje, então meu filho não vá lá"
>ela aperta minha mão
>"por favor"
>eu nunca tinha visto ela assim
>"tudo bem"
>almoço
>morava apenas com a minha mãe
>dia normal
>vou pra escola
>encontro meus amigos
>dia passa
>fim do dia
>o mesmo por do sol vermelho
>a mesma colina
>e o mesmo vulto no velho manicômio
>eu não deveria...
>mas estava curioso demais
>resolvo ir
>abro a porta da frente
>e lá estava ela
>"hmmm... não achei que você voltaria"
>ela se aproxima sorrindo
>"vim ver se você estava bem, sabe... esse lugar é pior do que você imagina"
>"eu sem muito bem que lugar é esse"
>ela sempre sorria
>"então porque vem aqui?"
>"já disse, estou procurando uma coisa"
>"mas oqu-"
>"ei, vamos fazer algo legal?"
>"heim?"
>"vem, vou te mostrar o resto desse lugar"
>então ela me levou para dentro
>conversamos muito
>ela disse que estava procurando sobre a história das pessoas que haviam morrido ali
>ela não frequentava escola e morava um pouco acima de mim na colina
>disse que sua casa era em cima do manicômio
>wtf
>apesar do lugar ser extremamente sombrio
>era como se fosse uma mansão só pra nós
>era divertido estar com ela
>resolvo ir, já tinham se passado horas
>"te vejo amanhã?"
>ela sorri
>"claro"
>saio
>resolvo perguntar o nome dela antes de sair
>mas quando olho pra trás
>vejo atrás dela
>aquela coisa
>com aquele sorriso
>e aqueles olhos
>aquilo puxa ela pra trás
>corro para tentar ajudá-la
>mas a porta se fecha
>sangue começa a escorrer por baixo da porta
>"não.... NAO NAO NAO NAO"
>corro até em casa
>não podia falar para a minha mãe
>ela não iria para aquele lugar
>pensei em chamar a polícia
>mas eles levariam horas
>não sabia oque fazer
>resolvo voltar
>estava com medo
>mas prescisava ajudá-la
>chego lá
>abro a porta devagar
>não vejo nada
>o sangue continuava lá
>entro
>deixo a porta aberta
>meus passos ecoavam nos corredores
>assim como a madeira gritando junto
>passo vários corredores
>então vejo ela
>encostada em um canto
>chorando
>"caralho você ta bem? eu vi sangue na saída, oque era aquela coisa?"
>ela treme e me olha
>"ta tudo bem.... eu não tô machucada....eu... eu só não quero.."
>ela chora
>"eu só não quero mais ver aquilo.. eu cansei de ficar sosinha..."
>"tudo bem, você pode vir pra minha casa eu explico tudo..."
>ela chora mais
>"não eu não posso... eu quero muito eu juro mas eu não posso"
>"mas porque?"
>então eu sinto um leve frio nas minhas costas
>"você tem que fugir"
>congelo
>"por favor sai daqui"
>olho com dificuldade pra trás
>lá estava mas uma vez
>aquela coisa
>"por favor eu não quero que você veja isso"
>aquilo pôs suas mãos em mim
>e me atirou para o lado
>então se dirigiu para a garota
>"POR FAVOR NÃO OLHA ISSO"
>ela fica as unhas em sua barriga e a levanta
>então morde seu pescoço e arranca uma parte dele
>ela empurra sua cabeça contra a parede várias vezes
>a esfaqueia com as garras
>ela cava na sua barriga arrancando tudo de lá
>eu não conseguia me mecher
>era demais pra mim
>o corpo da garota olha pra mim
>então ela fala
>"por favor vai embora"
>como ela tava viva???
>com a pouca coragem que me restava joguei um pedaço de madeira naquela coisa
>ela para
>vira o rosto devagar para mim
>fudeu muito
>então ela sorri
>coberta de sangue
>e sai
>sem fazer mais nada
>o corredor antes marrom agora era vermelho
>haviam órgãos espalhados por todos os lados
>pelo menos pedaços deles
>me aproximo da garota
>"ei.... ei.. não va agora"
>era idiota, ela estava aberta mas não conseguia aceitar
>"por favor"
>então percebo
>o corpo dela não estava mais lá
>mas...
>algo me toca
>"ei..... tudo bem?"
>oque??????
>a garota estava atrás de mim
>"mas....."
>ela me abraça
>ela era gelada
>"desculpa.... não queria que você descobrisse assim"
>"meu nome é mia, eu morri neste lugar há 64 anos atrás"
>"não..."
>não queria acreditar
>mas tinha acontecido tudo na minha frente
>eu vi ela morrer
>eu vi seu sangue jorrar
>eu vi seus órgãos saírem
>eu vi ela fechar os olhos
>estava com medo demais
>"você vai me matar?"
>então ela me aperta mais
>"desculpe....mas ninguém pode saber disso"
>"não era pra você descobrir"
>tento me soltar mas era inútil
>ela me joga sentado contra a parede e me segura com os braços
>"eu prometo ser rápida então apenas feche os olhos..."
>fecho
>"só vai doer um pouco... então podemos ficar juntos por muito tempo"
>"você não precisará voltar pra casa"
>"nem comer, nem dormir, apenas aproveitar"
>estou tremendo
>sinto a mão dela correr do meu peito para o meu rosto
>então ela fez
>sinto algo em minha boca
>ELA TINHA ME BEIJADO??
>abro os olhos e encontro os dela
>ela me empurra no chão e continua
>oque ta acontecendo?
>então ela solta a minha boca
>"porque?"
>ela começa a rir
>quase morreu rir
>não pera
>"você realmente achou que eu ia te matar?"
>ela cai se contorcendo de tanto rir
>vaca
>empurro ela
>rimos
>conversamos muito depois disso
>sobre o porque ela estar lá
>ela diz que não se lembra de sua morte e que talvez prescisava saber
>e conversamos sobre a coisa
>ela chama de "a sombra"
>aquilo basicamente a matava ou torturava ela quase todo o dia
>era basicamente um passatempo e ela não sabia o motivo
>talvez estivesse relacionado a história de como eles morreram
>resolvo ajudá-la, afinal.. acho que gostava dela
>passamos o dia conversando denovo
>o tempo parecia parar quando estava com ela
>já era hora de ir
>ela se despede com um beijo
>resolvo pesquisar sobre oque aconteceu neste lugar, talvez conseguisse mandar a sombra pra longe
>chego em casa
>pergunto pra minha mãe se ela sabe de algo do antigo manicômio
>então ela desabafa
>"você viu ela, não é?"
>não sabia se falava da mia ou da sombra então apenas concordei
>"filho tem algo de errado com aquela garota, há muito tempo atrás eu a conheci"
>"ela parece ser gentil e uma ótima pessoa mas ela esconde algo"
>"meu filho ninguém morto continua na terra por um motivo bom"
>"bom, você já é maduro o suficiente pra tomar suas próprias decisões, mas por favor tome cuidado"
>eu sabia no fundo
>mia era um fantasma
>uma assombração
>uma alma que por sofrimento não subiu ou desceu
>mas ela nunca tentara me machucar ou algo do tipo até então
>decido ir procurar algo na cidade
>lembro do pai de um dos meus amigos
>ele fora internado no pequeno período em que o lugar funcionou
>resolvo falar com ele
>falei pro meu amigo que queria expulsar um demônio pra salvar minha namorada fantasma
>não, não falei mas ia ser engraçado
>antes de ir avisaria mia
>subo a colina
>porta fechada
>sangue
>caralho denovo
>corro pra dentro
>procuro por ela
>corredor principal
>nada
>salas dos corredores
>nada
>entro cada vez mais
>estou desesperado
>prescisa a encontrar ela
>não queira a ver sofrer mais
>enfim as encontro
>os gritos de mia agora podiam ser ouvidos da entrada
>a sombra segurava ela pela perna
>estava quebrando suas costelas expostas pelo peito totalmente aberto
>"mia...." lágrimas escorrem
>ela sorri, como sempre
>caio de joelhos
>a sombra continua quebrando suas pernas, depois braços, parte após parte
>ela se esforçava para não gritar
>eu também
>não podia fazer nada denovo
>prescisava viver para podermos nos livrar dessa sombra
>finalmente o corpo "morto" se transforma em puro sangue
>não era mais um corpo, apenas um amontoado de ossos com carne e sangue
>sinto uma mão atras de mim
>mia
>ela tremia e chorava, tanto quanto eu
>abraço-a
>a sombra vai para outro lado
>"eu vou te tirar daqui"
>levo ela até a saída
>andamos até a minha casa
>ela pode sair de lá mas não muito mais longe
>minha casa era muito perto daquele lugar, então ela podia andar até lá
>a boto deitada na minha cama
>minha mãe não poderia saber disso
>"apenas durma, não vou te deixar com
aquela coisa"
>ela não disse nada
>compreendo
>apenas me deito abraçado com ela
>manhã
>acordo com ela chorando
>oque?
>"ei mia oque aconteceu"
>ela me olha desesperada
>"por favor me desculpa"
>?
>a porta do quarto estava aberta
>assim como a da minha mãe
>levanto e ando até lá
>os choros ecoam pela casa
>"mae?"
>la estava
>a minha mãe e a sombra
>ela estava esquartejada
>sua cama branca agora vermelha transbordava sangue
>"MAE NAAO"
>a sombra sorria
>não me conti
>nessa hora a raiva tomou conta de mim
>pego uma peça de porcelana a quebro eu vou pra cima da sombra
>mia entra
>"NÃO, NÃO FAÇA ISSO"
>era tarde
>eu arranco um pedaço do rosto da sombra
>então ela sorri
>ela começa a rir com aquela voz distorcida de várias pessoas
>"HAHAHAHAHAHA, AH MEU JOVEM EU ESTAVA AGUARDANDO POR ISSO"
>dou um passo pra trás
>"ATÉ AGORA EU NÃO TINHA MOTIVOS PRA TE MACHUCAR MAS AGORA...HAHAHAH
>"AGORA....."
>"NÃO ESPERA"
>mia interrompe
>"por favor não faça nada com ele"
>ela tremia de medo
>"OH MINHA DOCE CRIANÇA, POR QUE?"
>"ELE JÁ DEVE ODIA-LA A ESTE PONTO"
>"VOCÊ FALOU QUE SABIA QUE ISSO PODERIA ACONTECER?"
>oque?
>"mia você..."
>"desculpa.... eu sabia.. mas não achei que ela realmente viria.."
>"eu estou cansada.... isso acontece há 60 anos.... eu não aguento mais..."
>então a sombra joga mia para o lado e se dirige à mim
>"NÃO ESPERA... EU.. EU TE DOU UMA SEMANA"
>a sombra para
>olha com um sorriso para ela
>"você tem uma semana, eu não vou correr ou me esconder"
>"você pode me matar quantas vezes quiser por uma semana"
>"mia não faz isso"
>"não... eu já te fiz sofrer demais... a gente deveria parar de se ver... tudo foi um erro"
>"desculpe... não volte mais aquele lugar"
>"mas mia.."
>então as duas desaparecem num piscar de olhos
>"MIA!!"
>queria ir atras dela
>mas tinha coisas mais importantes
>tinha que cuidar do funeral da minha mãe e explicar oque aconteceu
>tudo levou 3 dias
>o funeral era hoje
>as pessoas começam a chegar
>a casa está lotada neste momento
>todos me cumprimentam
>olho para minha mãe e penso
>eu deveria ter tomado mais cuidado
>deveria ter te ouvido mãe....
>um velho senhor vem falar comigo
>pergunta quem fez isso
>acho que deve ser o pai do meu amigo
>contei o mesmo que contei para os policiais
>alguém arrombou a casa e fez isso enquanto eu estava fora
>colou
>cidade pequena
>"isso parece obra dela"
>"dela quem?" pergunto
>"venha aqui garoto, vou te contar uma história"
>"já faz mais de 60 anos mas aquele manicômio é uma prisão para as almas"
>"quando fui internado por motivos necessários eu pude ver o desastre do lugar"
>"médicos famosos iam até lá pois podiam livremente brincar com os espécimes"
>"todos os dias alguém era torturado ou morto"
>"ao total morreram cerca de 24 pessoas morreram lá"
>"porém, mesmo nos dias mais sombrios, haviam almas caridosas pra nos confortar"
>"era uma garota um pouco mais nova que você"
>mia...
>"ela mantia nossa sanidade e esperanças"
>"dizia que um dia sairíamos de lá"
>"ela trazia conforto para todos"
>"porém todos os 24 pacientes os quais ela cuidava morreram ao longo do tempo"
>"então por fim, a garota falecera após o último paciente morrer"
>"sem explicações"
>"tempos depois o hospital foi fechado"
>"porém as almas ficaram...não é?"
>ele sorri
>concordei
>"meu filho, o laço que essa criatura tem com a garota é um laço de conforto"
>"para essa coisa ela é apenas um brinquedo para satisfazer sua agonia e sofrimento"
>"e esse sentimento era tão forte que fixou a alma dela naquele lugar"
>"então como eu posso me livrar dela?"
>"há dois jeitos"
>"você pode fazê-las aceitarem sua morte.. oque pode ser um pouco complicado."
>"ou queime os restos físicos"
>"o fogo purifica a alma"
>"mas onde posso achar os restos deles?"
>"quando eu saí do manicômio eu vi.. e uma sala com uma cruz preta"
>"ache ela garoto, aliás, aquilo já pode te tocar?"
>confirmo
>"ah entendo... então você tem um problema.."
>"bom, creio que isso foi de boa ajuda, boa sorte garoto"
>o funeral acaba
>o corpo e levado
>e eu tinha uma tarefa nova
>salvar mia e libertar as almas
>me preparei logo no dia seguinte
>gasolina
>isqueiro
>e pronto
>dou uma umtima olhada na casa
>talvez fosse a última vez que a veria
>então entro na construção
>devagar
>podia ouvir gritos ecoando
>mia... me aguarde
>já fazem 4 dias que ela está sendo torturada sem parar
>me apresso
>começo a procurar a sala com a cruz preta
>vou pelos corredores que conheço
>nunca tinha visto essa sala antes
>entro em áreas novas
>corredores começam a ter fotos
>pacientes
>eles estavam em estado miserável
>após algumas fotos, vi a foto do senhor
>ele parecia bem na foto
>logo após ele vinha mia
>ela era linda
>os mesmos cabelos longos e pretos
>as bochechas levemente rosas
>e o mesmo olhar morto
>que de algum modo era atraente
>continuo procurando
>as salas vão ficando mais estranhas
>portas fechadas
>com cadeados
>e no fim do corredor
>la estava
>a cruz preta
>estava com um cadeado
>simplesmente chuto a porta
>a madeira estava podre
>começa a ceder
>mais um chute
>quase
>no terceiro quase quebrou
>mas oque quase quebrou foi a minha perna
>a sombra agarrara ela
>me joga para longe
>"FIQUE LONGE DESTA SALA"
>alguém me levanta
>oque??
>era o senhor do funeral
>"vamos garoto, falta pouco"
>"SENHOR, O SENHOR TEM QUE SAIR DAQUI É PERIGOSO DEMAIS"
>ele ri
>e então começa a andar na direção da sombra
>"oh lucy.... olhe para você... você não é assim... você é uma boa pessoa.."
>"você ao menos lembra de mim?"
>a sombra manteve o foco nele
>comecei a andar em direção à porta
>"oh lucy minha querida... eu tentei te dar o meu coração.."
>"mas o médico nunca veio afinal não?"
>ele chora
>"porem ainda assim alguém levou o meu"
>ele abre sua camisa e revela um buraco onde deveria estar seu coração
>"lucy eu não posso descansar enquanto você estiver assim"
>então nem todos eram ruins....
>arrombo a porta
>a sombra tenta me impedir mas o senhor a segura
>o senhor segura a sombra por uns minutos
>rapidamente procuro os restos em todo o lugar
>acho os ossos todos juntos em um compartimento
>jogo gasolina
>e o isqueiro
>fogo preto começa a queimá-los
>ao mesmo tempo a sombra começa a se contorcer
>o senhor continua falando
>"oh lucy me desculpe, só vai doer agora... mas a partir de hoje podemos ir não é?"
>a sobra de contorcia
>seus membros começam a cair
>o liquido preto a cobria por inteiro
>ela estava se despedaçando
>o mesmo fogo preto agora rodeava seu corpo podre
>almas começam a sair da boca dela
>uma a uma, todas as 24
>por fim à sombra se despedaça por
completo
>algumas das almas tomam formas e vão para lugares diferentes
>então uma senhora se junta ao senhor
>"oh lucy.. como é bom te ver..."
>ele olha para mim
>"obrigado garoto...."
>e eles desaparecem
>mia
>corro por todos os lados
>não a achava
>"MIAA"
>tinha me localizado
>fui até a saída
>mas algo me puxa
>ela me abraça
>"obrigado.........."
>"muito obrigado......"
>ela chora
>eu também
>continuamos no chão abraçados por quase uma hora
>não conseguíamos nos separar
>nunca mais a perderia denovo
>após gastarmos todo o nosso estoque de lágrimas resolvemos sair
>então fomos para a minha casa
>"eu não achei que você voltaria por mim..."
>"claro que voltaria...."
>deitamos na cama abraçados
>ela me olha nos olhos e diz
>"eu te amo..."
>sorrio
>"eu também"
>passamos a noite juntos
>continuamos por alguns dias essa rotina
>acordávamos
>íamos ao manicômio
>conversávamos
>então dormíamos
>estava perfeito
>não podia pedir por mais nada
>após quatro dias ela me diz
>"obrigado por tudo nathan.... mas vamos terminar ok?.. desculpa...."
>oque??
>"como assim???"
>"eu não tenho mais motivos para ficar aqui, logo vou desaparecer e eu não quero que você veja isso..."
>"como assim... NÃO"
>"nos podendo fazer algo.. se te levar-nos ao manicômio deve ter alguma coisa.. já sei.."
>"tudo bem..." ela diz sorrindo
>"eu posso pesquisar sobre alguma coisa desse tipo alguém deve saber..."
>"tudo bem..." ela começa a tremer
>"nos podemos ficar juntos não se preocupe eu vou dar um jeito"
>"CHEGA, NÃO TEM JEITO EU JÁ TENTEI TA BOM? NÃO EXISTE NADA QUE NOS POSSAMOS FAZER"
>começo a chorar
>"EU NÃO QUERO ISSO"
>ela também
>"E POR ISSO QUE EU VOU SAIR AGORA NÃO QUERO QUE VOCÊ ME VEJA DESAPARECER"
>não, não vai ser assim
>"NÃO, EU TENHO DIREITO DE FICAR COM VOCÊ ATÉ O FINAL, VOCÊ ME DEVE ISSO"
>ela desaba em lágrimas
>"por favor... eu não posso... me deixe.."
>"não vou deixar..."
>"me esqueça..."
>"não vou esquecer"
>"eu quero ficar com você até o final..."
>ela aceita com receio
>é noite
>estamos sentados do lado de fora de casa no gramado
>as estrelas iluminavam a noite
>o rio tocava a música da água
>mia contava sobre sua vida
>"eu costumava vir aqui quando era criança.. adorava ver as estrelas.."
>estávamos apoiados um no outro
>"eu queria ter mais tempo com você..."
>ela me olha e me beija
>"não se preocupe... amanhã nos vamos acordar e fazer um pa------"
>sua boca se mechia mas não conseguia ouvir
>"mia sua voz...."
>ela tapa a boca com cara de triste
>corro até em casa e pego um caderno e uma caneta
>ouça essa música: https://m.youtube.com/watch?v=2Pfwpddq-LU
>ela escreve conforme eu falo
>'eu não tenho muito tempo...'
>"é... eu sei"
>'promete não chorar?'
>"oque? claro que não vou!" digo com lágrimas e um sorriso
>'mesmo?'
>"claro que não! já sou um adulto"
>'eu vou ficar preocupada se você chorar...'
>a imagem dela começa a ficar transparente mas ainda consigo ver suas lágrimas
>'me prometa que a partir de hoje você vai sair mais e conhecer pessoas novas...'
>ela continua a escrever
>'me prometa que vai achar alguma garota nova'
>'então você vai gostar dela e ser tão bom quanto você foi pra mim'
>"..... prometo.... pode ser difícil no começo mas eu prometo...."
>'obrigado.....'
>'um último pedido....'
>'esqueça sobre mim'
>começo a soluçar
>"mia por favor não...."
>'prometa...'
>não contenho meu choro
>"mia........."
>'você está me deixando preocupada...'
>"tudo bem.... eu vou esquecer de você.... vou achar uma garota e vou amá-la, seguirei minha vida sem você....."
>'obrigado.... muito obrigado'
>'eu te am-'
>a caneta cai
>"MIA NÃO, NÃO AINDA NÃO POR FAVOR"
>caio de joelhos
>"mia não..."
>então vejo ela denovo mais uma vez
>ela estava na minha frente
>ela bota suas mãos no meu rosto e me beija
>boto minhas mãos sobre o rosto gelado dela
>nos beijamos até as minhas mãos atravessarem seu corpo
>mia desaparecera
>"MIAA NÃO"
>começa a chover
>não quero sair dali
>apenas protejo o caderno da chuva
>as estrelas brilhavam
>"espero te reencontrar um dia...."
>"me espere até lá, por favor..."
>"acho que não vou conseguir cumprir minha promessa... hahaha desculpa"
>entro em casa
>lembro de nossos momentos
>conversas
>noites
>então pego o caderno
>escrevo a última coisa nele
>'eu também te amo'
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