segunda-feira, 16 de janeiro de 2017

FEELS MEDO #2

>séc 2k03
>8 anos
>estava indo pra casa
>voltando do colégio
>quando me deparei com um homem
>estava do outro lado da rua
>ele era pálido
>uma estatura mediana
>usava uma roupa totalmente preta e longa 
>incrivelmente estranho pois estávamos no verão
>creepy.jpg
>mesmo com tudo isso apenas uma coisas me chamava a atenção 
>seu sorriso e olhar
>era doentio
>frio
>inerte
>por estar do outro lado da rua continuei meu caminho
>fuck se a vida
>thuglife.exe
>chegando em casa vi 2 policiais
conversando com minha mãe
>ela estava em prantos
>nunca tinha a visto daquele jeito
>corri em sua direção
>quando cheguei soube da notícia 
>meu pai tinha sofrido um acidente
>feelbad.gif
>nunca tivemos um bom relacionamento
>ele sempre estava viajando por causa do trabalho 
>mas mesmo assim ele era meu pai
>nunca tinha sentido nada igual
>minha vida a partir dali não seria mais igual
>era como se tudo fosse mentira
>que a qualquer momento ele entraria pela porta da sala e viria me abraçar
>tive que acordar para a vida
>ele estava morto
>então comecei a ter problemas
>pesadelos
>insônia
>minha mãe preocupada me levou ao médico
>depois de uma leve analisada o médico recomendou um tratamento com um psiquiatra
>dr. Vlad
>era russo
>depois de algumas sessões ele me diagnosticou com depressão reativa
>um tipo de depressão que vinha após um acontecido traumático
>mais algumas sessões eu melhorei
>mal tomei remédio
>segui a vida
>fiquei feliz
>mas como dizia aquele ditado
>se me atacar vou atacar
>brinks
>na verdade é assim
>tudo que é bom dura pouco
>2k10
>14 anos
>primeiro dia de aula no ensino médio
>fui no colégio
>tudo ótimo
>ótimos professores
>tirando alguns alunos
>eram zoeiros
>zuavam todo mundo
>mas era saudável
>terceira semana de aula
>comecei a me sentir observado
>segundo mês de aula
>voltava do colégio
>quando vi aquele homem
>ele estava em frente da minha casa
>ficava me observando
>saindo e entrando de casa
>comecei a perder noites de sono
>contei para minha mãe
>mas ela não via nada
>só eu o via
>então voltei a falar com o Dr. Vlad
>ele me diagnosticou com depressão psicótica
>uma depressão que me fazia ver e ouvir coisas
>com ele veio os remédios
>então o homem começou a me seguir
>ficava de longe me observando
>em casa
>no colégio
>na academia
>ele não saía da minha cabeça
>principalmente sua voz
>grave
>mas bem baixa
>ficava repetindo coisas na minha cabeça
>não conseguia mais dormir
>depois de um certo tempo ele ficou muito próximo de mim
>me seguia por todo o canto
>mas não andava
>era como se ele teletransportasse
>então
>veio em minha cabeça uma ideia
>uma teoria talvez
>meu pai morreu
>e se a culpa fosse minha
>logo voltei para o fundo do poço
>tudo lembrava meu pai
>não conseguia tirá-lo da cabeça
>não passou duas semanas e fiquei abatido
>debilitado
>então o médico teve que forçar a barra
>me prescreveu remédios
>eu ficava "bem" enquanto tomava remédio
>não sentia mais a tristeza
>nem felicidade
>remorso
>raiva
>alegria
>medo
>amor
>nada
>simplesmente nada
>me sentia um robô
>até que minha mãe decidiu que deveríamos nos mudar
>para esquecer do passado
>fomos para uma cidade pequena
>um pouco mais que 5k habitantes
>tinha a igreja principal
>que ficava em uma praça bem movimentada a noite
>era tipo o centro da cidade
>tinha lojas
>padarias 
>mercado
>hort frut 
>de tudo um pouco
>comecei o ano no colégio novo
>os remédios me detonaram
>fiquei anêmico e pálido
>as olheiras deixavam o envolto dos meu olhos quase que pretos
>meus colegas começaram a me zuar
>no começo era apelidos
>depois as bolinhas de papel
>tapas
>socos
>quando vi batiam em mim por ser diferente
>até que o comecei a sentir algo
>um sentimento
>mesmo tomando o remédio
>sentia raiva
>um certa insanidade
>queria acabar com aquilo
>não aguentava mais ser zoado todos os dias
>até que em uma noite sozinho no meu quarto pensei em suicido
>não queria mais sofrer
>então as vozes sumiram e minha mãe abriu a porta do meu quarto
>"tá bem filho?"- ela disse
>"sim mãe estou bem, já já vou tomar banho"-respondi
>"filho, terei que ir no mercado, já volto"
>"ok mãe, até"
>então ela me mandou um beijo e fechou a porta
>entrei no banheiro
>fechei a porta
>abri a porta que fica no espelho
>sabe aqueles espelhos que tem um compartimento atras dele
>tipo assim
>https://imgur.com/gallery/cD3gP
>desse jeito
>abri a porta do espelho
>peguei um pacote de navalhas que tinha para raspar o bigode
>não era bem um bigode bigode
>era um bigodinho
>meio ralo
>se eu deixasse crescer ficava feio
>mas era alguma coisa
>estilo mc livinho
>foco no GT
>quando fechei a porta do espelho
>lá estava ele
>atras de mim
>me encarando
>tava puto de mais
>tinha algo preso na garganta que queria sair
>só saiu quando gritei
>"QUEM É VOCÊ?"
>"..."
>"ME RESPONDE"
>"..."
>"me responde por favor"
>"..."
>"você é a única pesso... coisa que fica perto de mim"
>"..."
>aquilo era a única coisa que tinha perto de amigo
>mas mesmo assim
>até ele me ignorava
>peguei a navalha
>coloquei em meu pulso
>um fio de sangue começou a descer
>"aza...."
>que?
>aquilo falou algo
>parei de forçar a navalha
>"o que você disse?"
>"me chamo..."
>"se chama?"
>"Azazel"
>eoq
>aquilo se chama Azazel
>"Lucas, deixe-me ajudá-lo"
>ele me disse com aquela voz fria e rouca
>mas q?
>como ele saberia meu nome?
>se fuck se
>por que me importaria com isso
>o mano se teleporta
>"me ajudar com o que?"
>perguntei
>"com seu pequenos problemas que você os chamam de colegas"
>"me ajudar como?"
>"você vai ver"
>ok
>agora tinha um amigo
>sentia que Azazel poderia me proteger
>em todo lugar que eu ia ele estava lá
>me encarando
>cochichando em meu ouvido
>me influenciando
>falando o que era bom e o que era ruim
>o jeito que tinha que agir diante de meu médico
>passou-se um tempo
>parei de tomar remédios
>então comecei a sentir que Azazel me controlava
>ficava cochichando coisas estranhas em meu ouvido
>não conseguia seguir minha vida tranquilamente
>mas de todos os lugares existia o pior
>o colégio
>lá as pessoas me importunavam
>azazel não saía de perto de mim
>ele ficava no meu ouvido
>cochichando
>coisas que deveria fazer
>o jeito que tinha que agir
>até que comecei a sentir uma leve sede
>então pedi licença à professora para ir beber água
>então fui
>o bebedouro era meio velho
>mas funcionava
>então bebi a água
>mas a sede não passou
>continuei bebendo
>mesmo assim não passou
>fiquei com sangue na cabeça então pressionei o bebedouro mais forte para sair água
>por estar velho formou-se uma lasca metálica que fez um corte meio profundo no meu dedo
>imediatamente coloquei meu dedo na boa
>aquele gosto 
>aquela textura
>a essência do sangue saciou um pouco da minha sede
>corri para a enfermaria para fazerem um curativo
>mas logo percebi algo diferente
>enquanto olhava a enfermeira
>a garganta dela era tão linda
>com sangue fresquinho
>eu olhava para a garganta das pessoas e sentia seu sangue correr nas suas veias
>aquilo só fazia minha sede aumentar
>voltei à sala de aula
>todas aquelas gargantas
>cheirosas
>com sangue quentinha percorrendo seu corpo
>não passou muito tempo e Azazel começou a cochichar mais alto
>então comecei a compreender as palavras
>matar a sede
>sangue
>matar a sede
>sangue
>...
>ao invés de ir direto para minha casa
>segui um colega da minha sala
>até sua casa
>depois daquele momento sabia onde ele morava
>a noite Azazel começou a cochichar mais alto no meu ouvido
>me coordenando
>falando o jeito que deveria agir
>falar
>escrever
>comer
>comportar
>invadir
>esfaquear
>limpar
>fugir
>com o tempo os problemas foram sumindo
>colega por colega
>eles pararam de me importunar
>conseguia me concentrar na aula
>graças ao meu amigo imaginário
>uma coisa só que não consegui evitar
>os policiais
>me encontraram e prenderam
>e por isso estamos aqui falando com você doutor Vlad
>gostamos do seu silêncio atencioso
>de sua garganta também, e o modo que ela expele o sangue na lâmina
>escorrendo esse líquido viscoso pelo consultoria
>a sede é insaciável
>graças ao meu amigo imaginário estou saciando-a
>e você?
>obedece o seu?

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